Tenho medo de que?

O pior pesadelo que já tive foi quando sonhei que estava no meio do mar boiando a alguns metros da superfície, mas sem encostar os pés no fundo. Não me afogava, muito pelo contrário, eu podia “respirar” bem no fundo do mar. O considerei o pior pesadelo, pois foi depois dele que, finalmente, fiquei ciente de que também tinha medo. Lembro como se fosse num quadro embaçado... eu estava lá, bem no meio do mar, boiando na vertical, quando notei que atrás de mim se encontrava a maior baleia que meus olhos jamais haviam visto. Ela, a baleia, era simplesmente gigantesca, de um tamanho descomunal que, naturalmente, não existia igual na vida real. Mas não, eu não tenho medo de baleias. Meu medo não se refere a cetáceos gigantescos e sim a qualquer coisa gigantesca. O próprio mar já pode ser considerado como meu maior inimigo, maior até mesmo que o sol, com que travo uma séria guerra.


Eu tenho medo de qualquer coisa que seja maior que eu ou que não possa controlar. O mar, desertos, grande campo abertos, são realmente o que temo. Por quê? Até hoje eu não sabia direito, porém quando estava voltando para casa dentro do ônibus, pude finalmente chegar à conclusão dessa questão que me assola desde aquela noite em que acordei molhado de suor só porque uma baleia gigantesca estava as minhas costas entoando seus lamentos. (In)Feliz descobri o porque do meu medo da imensidão: só temo os grande ermos , pois eu mesmo virei um grande deserto.


Quando era mais jovem (que fique claro que falo de idade mental), decide que viveria mil anos em apenas um, então me joguei de cara em um grande turbilhão de ações e emoções, que nunca tinham fim, sempre me levando para mais fundo do que eu já estava. Conseqüentemente acabei ficando marcado para e hoje, aos dezoito anos, me sinto como uma árvore que floresceu mais do que deveria e agora precisa morrer afim de ceder lugar as novas gerações. Fui ficando vazio. Dentro da mente, antes habitada por centenas de eus errantes e desconexos, nesse momento, muito mal existem dez. E esses “sobreviventes” são variações descoloridas de personalidades que assumi algumas vezes, e que não representam nem metade da minha verdadeira loucura, constituída de inúmeros versos vivos e colorida, que um dia já foi minha cabeça. Sim, havia mais de um Breno dentro desse Breno que pensa ser o principal, e cada um deles estava em um formatado totalmente diferente de seus iguais em sela.


Imagine uma pessoa bipolar que, sem saber, vai matando uma de suas personalidades, envenenando a si próprio com pequenas doses de realidade crua, pois é exatamente assim que as coisas aconteceram comigo. Minha mente se tornou um grande ermo, onde, antes, minhas personalidades mal tinham espaço para esticar as mãos. Só me resta o ermo e poucas, quase nenhuma, personalidade para ocupar.


No principio acreditei que era só o sinal da velhice precoce, provocada pelo excesso de café e livros existencialistas, mas com o tempo não pude deixar de notar que “personifictivamente” estou morrendo. Meu medo é morrer como um ermo.


Um dia fui grande, agora só me resta ser normal e viver entre os mortais.


Acordar às cinco e meia, tomar um longo banho quente, tomar o ônibus, trabalhar, voltar com o ônibus, escrever coisas que não vou publicar. Talvez eu (o Breno Artista e o Poeta, ou o que restam deles) nunca mais escreva. Vou deixar essa função para o outro Breno (o critico), que vai inundar o mundo com suas opiniões irrelevantes. Ficarei só sentado, esperando que o anjo da morte venha colher mais uma personalidade fraca, que não pode sobreviver a essa guerra declarada pelo Breno consumista.


P.S: Mais um post louco... tenho que parar com esse tipo de texto...


P.S1: Muito obrigado para quem vem acompanhando o blog...

12 Comentários:

Anônimo disse...

Engraçado. Sei exatamente do que você está falando e já passei por exatamente o que você descreve. Também vivi meus excessos precocemente e isso me desiludiu.
Mas, ces't la vie, eu cheguei a essa conclusão. O tempo e vida passam, e levam um pouco da gente com eles. E, de pouco em pouco, as diversas ilusionices cafonas que criamos para sobreviver morrem e o que sobra é, terrivelmente, inegavelmente, a verdade.
E ela sim é aterradora. Até.

Tanmires Morais disse...

É inevitável, sempre temos medos do que julgamos maior que nós mesmos. Mas na verdade, do que pensamos ser maior. Um dia descobrimos que era só ilusão, e que as coisas se encolhem e se agigantam conforme damos tal importância (...)

;*

Menina Nina disse...

Eu não costumo sonhar ou ter pesadelos, mas quando tenho, são vários em uma mesma Noite. Os piores são quando eu sonho que estou grávida (sonho muito com isso, desde mais nova). Acho que pelo fato de eu morrer de medo disso e não querer ter filhos. Outro pesadelo que me deixa bastante nervosa é quando não consigo respirar. Seja me afogando ou simplesmente sem ar, é uma coisa que me deixa aflita!!

Flávia Batista disse...

Nossa... um momento "reflexão do seu ser" total hein?!
mas isso é bom... é engrandecedor para nós!!!

bjao

Jaque disse...

Nossa, Breno, tive até medo depois de ler. Mentira, nem tive. Mas isso foi bem profundo. Não sei se vc lembra, mas quando comecei a visitar seu blog, certas vezes, eu comentava alguma coisa do tipo "nossa, vc é tão novo, e escreve como se tivesse 80 anos de idade". Hahaha. Mas agora eu entendo, de uns posts pra cá, comecei a entender o motivo de vc se expressar dessa forma.
Muitas vezes as coisas acontecem de um jeito bem rápido na vida das pessoas, eu sei bem como é isso, não só por fatos que acontecem, mas quando a maneira de pensar tbm muda bruscamente, quando vc passa a tomar consciência e exergar as coisas com mais clareza e realidade.
(...)

Beijos.

ღ mey ♥¨`*•.¸¸.•*´¨♥ღ disse...

acho que esse é um medo de tds os humanos, o medo do maior, do incontrolavel... fica sussi guri e bemvindo ao clube:)

majv disse...

como um ser humano pode descrever o outro sem nunca terem se visto?

ღ Füchter ♥¨`*•.¸¸.•*´¨♥ღ disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ღ mey ♥¨`*•.¸¸.•*´¨♥ღ disse...

to t add no msn,posso?

;x

bjs

André Mans disse...

eu não tenho do mar
mas ele exige e ganha muito o meu respeito

nunca sonhei com isso
ainda bem...

Alessandra Castro disse...

Ahh eu tenho medo do tempo acredita? De acordar velha de um dia p/ o outro.

Leo disse...

Profundo.

Desculpe-me mas não posso concordar que você está ficando vazio. Claro que não te conheço a muito tempo, [sequer te conheço...] mas através dos seus posts dá pra perceber que tem um turbilhão de pensamentos dessa cabeça que trabalha mais do que o dono [ou os donos] pensa que ela trabalha. Cara, você tem um incrível dom que hoje é raríssimo de se encontrar numa pessoa de 18 anos: você pensa! Na minha sala tem 38 jovens de 16 a 18 anos, dos quais você pode tirar 3 ou 4 que realmente utilizam essa massa cinzenta que tem na cabeça, conhecida como cérebro.

Enquanto você permanecer pensando e postando, eu garanto que ao menos virtualmente só você não fica. Existirão um monte de pessoas que felizmente também pensam e estão atrás de outras pessoas com opiniões constrastantes e bons argumentos para poderem discutir sobre o mundo, a vida ou sobre aquele barzinho legal ali da esquina.

Fala pro anjo da morte escolher outra, porquê por aqui não tem nenhuma personalidade fraca.