Sobre compaixão.

Alguns blogs tem o poder de influenciar o que irei escrever aqui no super nada. O blog do Leo (nada sem nada) é um grande exemplo dessa demonstração de que eu também sou influenciável (claro que sou, quem não o é). No domingo tive o prazer de ler sobre um assunto que não é alvo de minhas analises a um certo tempo. Estava verificando os comentários que o Leo deixou nos post antigos e no final passei no blog dele para ver se ele tinha postado alguma coisa. Bem... Resumindo a história: acabei lendo um dos melhores post indignados do leo, me senti indignado também, porque o texto trouxe à tona um assunto que estava reprimido dentro de mim: a compaixão do ser humano. Então divagarei sobre a compaixão.

Sabe quando você passa por uma mendigo ou um morador de rua (porque nem todo morador de rua é mendigo) e sente aquele frio na barriga, e você fica olhando e se achando no dever de ter pena daquele pobre ser humano que não teve oportunidades como as suas ou que por uma doença (seja ela mental ou física) não tem condições para trabalhar e viver sua vida sem estar a margem da sociedade? Bom... esse sentimentos fazem de você um grande hipócrita (calma, calma). Porque? Pois sentir "pena" por uma pessoa é o pior e mais mentiroso sentimento que você pode ter. Ter pena significa: "Coitado, daria minhas próprias roupas para ele, mas está muito frio, posso ficar resfriado". A compaixão nada tem haver com esse sentimento que faz com que você se sinta culpado pela situação atual do miserável em questão. Estamos sempre dizendo que a desigualdade é o carro forte do país, mas quando comprarmos de um produtor estrangeiro, só estamos ajudando a aumentar esse problema. E quando eu falo de produtores estrangeiros, estou dizendo produtos conhecidos e que você, homem piedoso, comprar sem perceber.

Quando eu era mais jovem, e ainda sonhava com um mundo igualitário, sem poderes opressivos, sem violência e horror policial ou político, acreditei que dava para mudar a situação daquelas pessoas que estavam a margem da sociedade. Costumava discursar (para quem queria ouvir) sobre as políticas de intervenção que o estado poderia criar a longo, médio e curto prazo, afim de evitar essa mancha na face do sociedade chamada mendicância. Enfim... eu era um coitado, ainda não tinha conhecido o outro lado da história, mas, como todos os invernos hão de chegar um dia, o meu também chegou e eu aprendi mais sobre a mendicância.

Hoje eu sei que boa parte dos homens, mulheres e seres amorfos que vivem na miséria, não querem mudar de situação ou pelo menos não querem se esforçar para mudar. O ser humano é cheio de falhas (e por isso seja tão perfeito), mas a pior de todas é a preguiça. Não querer fazer algo por saber que aquilo vai causar cansaço ou fadiga, é algo que eu não posso aceitar, mesmo que as vezes (poucas vezes) eu haja assim. Posso até entender, mas aceitar jamais. Sei de casos em que o "mendigo" em questão teve um total amparo e mesmo assim não quis se reabilitar para fazer parte de um grupo social produtivo. Sim, é triste saber que o homem é o lobo do homem.

Não, não sinta pena quando você passar pela rua e ver jogado ao chão um homem com seus membros intactos. Olhe para aquele homem e pense como você pode ajudá-lo, como a sociedade pode ajudá-lo a se levantar e sacudir a poeira sozinho. Não existe nada mais gratificando do que ver alguém, que é fruto da sua compaixão, se levantar sozinho e dizer que agora sim pode ir a luta.

Melhorar o mundo é impossível, eu sei porque já tentei. Mas melhorar a nós mesmo, é tão fácil que fazemos isso quase todos os dias. Só nos resta agora aprender como melhorar o que está a nossa volta.


P.S: Não, não voltei a ser militante. Sim, o texto está confuso, mas acho que pode ser entendido.

P.S1: Obrigado pelos comentários no post anterior

9 Comentários:

♥MáH♥ disse...

Bom, concordo qdo vc diz que ter pena é horrendo... também acho, pq substimamos o potencial das pessoas, e muitas vezes o potencial é enorme, apenas escondido por comodismo, ou sei lá o quê... comodismo que pode ser nosso também, é muito mais fácil sentir pena e virar as costas do que tentar agir...

Ainda acredito na mudança do mundo (crença de pedadgoga, eu acho)mas acredito que essa melhora vem, exatamente assim: melhorando a nós mesmos...

Bjoo00oooo!

Jaque disse...

Talvez eu devesse comentar lá, mas... Muito legal o post do seu amigo (acho que é seu amigo).

Eu sinto exatamente isso quando passo por alguém numa situação de miséria: frio na barriga. Porque poderia ser eu alí. E, sinceramente, e até constrangedor, passar por uma pessoa assim e olhar nos olhos dela, sei lá. Pra que as coisas possam mudar, pelo menos pra que sejam feitas tentativas de mudança, acho que a gente tem que deixar essa mania de ver a vida como um filme, onde cada um tem seu papel e pronto "ele é pobre e eu não, porque tinha de ser assim". Exergar o outro com mais humanidade.

Beijo.

Marília Gehrke disse...

Oooii!
Em relação aos mendigos ou menos favorecidos, tudo isso é muito relativo. Muita gente não teve oportunidade mesmo... já outras pessoas se encontram em condições precárias por pura preguiça, como tu disse. Falta força de vontade nesse povo todo. Falta vontade de viver, falta vontade de crescer. O que eles fazem? Ficam no cordão da calçada esperando alguém ter compaixão; gostam que tenham pena deles... mas esquecem que o ser humano ou pelo menos a maioria dos seres humanos não conhece solidariedade e afins.. ou pelo menos nao pratica.. e dificilmente esses "hábitos" irão mudar. ;~
Beeijoooos!

Flávia Batista disse...

Mais do que perfeito o post e eu mais do qye concordo com tudo!
As vezes, umas pessoas batem na porta da minha casa, pedundo ajuda, uam,s mulheres com um monte de filhos nos braços e se vc vira e pede para ela entrar e varrer o terraço da casa ela n vai querer, simpklesmente pq essas pessoas não querem sair dessa situação. Elas só sabem reclamar da vida, mas n fazem nada para mudar!

bjao

Cabal disse...

Show de Bola Breno, é isso mesmo, já ví casos onde a pessoa foi levada de volta pra casa mas gostava de ficar na rua mesmo, é por isso que eu digo, fazer oq ue nessas horas ? tem nada pra fazer, ele tem livre arbítrio e resolveu viver assim, posso ensinar a pescar mas nunca dar o peixe.

Alessandra Castro disse...

Nunca fui politicada, nem suficiente consciente com o mundo ao meu redor, mas admiro as pessoas que possuem esta sua noção de sociedade. Deviamos ser todos um pouco mais assim mesmo.


Novo lay show! :D

Anônimo disse...

Só pq falei que ia escrever...
Lá vai.
Andei pensando sobre o que está escrito aqui. Tive a oportunidade de confrontar o que eu pensava antes e depois de ler suas palavras.
Andando pela rodoviária da capital dá pra ter uma vaga noção do que seja essa diferença de querer ser ajudado e querer continuar pedindo ajuda.
Acontece que somos humanos. Ouvir apelos e se comover é inerente à nossa função.
Depois de olhar pra tudo isso, cheguei a três conclusões:

1. Pra mãos dignas não falta trabalho digno. Se seu ofício é a mendicância ninguém vai te parar porque os brasileiros, em geral, ainda são solidários e, mesmo que não seja essa a intenção, continuam estimulando essas e outras atividades que não exijam esforços demasiados de uma pessoa.

2. Mudar o mundo?Ainda nem arrumei meu quarto!

3. Eu falo demais mesmo...

Mas isso são outros 500...melhor parar por aqui.

***

Juliano Reinert disse...

Eu li seu elogio que você fez em comentário ao referido post do Leo. O dele ficou bom, tanto quanto o seu.
Isso aí garoto!

Leo disse...

Quanta honra ter um post meu citado aqui no SNM!

Concordo quando você se posiciona sobre pena e compaixão. Diria até mais: além de compaixão, nos falta força de vontade e vergonha na cara. Vemos o mendigo e até queremos ajudar, mas isso se limita a um desejo. Rapidamente nos esquecemos do mendigo, da vontade de retirá-lo daquela situação e quando nos assustamos já estamos pensando no próximo Nike ou Adidas que iremos comprar.

Falta compaixão. Sobra hipocrisia.
Welcome to our world!