Cemitério das cartas

Certas vezes escrevo cartas às pessoas que estão longe de meu alcance, mas uma coisa curiosa que acaba acontecendo é que eu nunca entrego as cartas que quero enviar, elas acabam ficando em um pote que eu chamo de cemitério das cartas, porque ali fica tudo o que eu escrevo e logo depois o desejo de entregar morre. Acho que na verdade é sua minha mente querendo materializar o sentimento que está contido.
Porém como essas cartas nunca serão entregues, nada mais justos que postá-las.



Querida L,
Desculpe-me pelo o que faço nesse instante. Você sabe muito bem que cartas ou sentimentalismos não são do meu feitio, porém escrevo, pois tenho pensado muito em você nesses últimos dias. Faz menos de um mês que você foi para essa sua nova “missão”, mas para mim é como se fizesse mil anos que não te vejo, que não vejo seu sorriso ou sua cara de zangada, que não venho sua “meia boca” destinada as minhas piadas sem graça. Enfim, a saudade está quase me sufocando e dessa vez não é como antes, quando eu decide que ficaria longe. Agora é você quem está longe e eu não posso fazer nada para te trazer de volta, e, sendo sincero, não seu ao certo se quero lhe trazer de volta, mais pelo fato de saber que uma mera aproximação contigo, faria com que eu voltasse a ter aquele sentimento confuso.
Por aqui estamos todos bem. Eu trabalho cada vez mais, o Thiago está cada dia mais apaixonado pela Gisele e como faz um tempo que o pessoal não se reúne, não sei ao certo como estão todos, mas sei que todos sentem a sua falta assim como eu.
Gostaria de ter notícias suas, saber como você está encarando o militarismo, se você obedece logo de cara ou se continua encarando os outros com o mesmo gênio indomável de sempre. Juro que não deixei de pensar em você um só dia, até minha mãe e meu perguntam por você, ela diz: “Cada a minha norinha?”, e eu tenho que lembrar a ela que nós não tivemos nada, só que velha sempre responde: “Não tem problema. Ela é minha norinha de coração.”
Comecei a carta com desculpas, então vou terminar com desculpas. Me perdoe por não ter ido à sua despedida. Agora que você está longe, posso dizer eu não compareci, pois tinha medo de ter que olhar uma ultima você e acabar tendo certeza de tudo aquilo que lhe falei quando estávamos sentados no banco enfrente ao parque. Sei que fui egoísta, mas não posso suportar mais essa facada no pedaço de gelo que chamo de coração.
Você se foi como minha amiga, e quando voltar vai continuar sendo a minha melhor amiga.
Do chato que lhe perturba,
B.

13 Comentários:

Jaque disse...

Quer dizer que essa carta não chegou a ser enviada? Que pena, acho que sua "Queria L." iria gostar de ter lido isso.
Eu passei uns 4 anos me correspondendo por cartas com uma amiga que se mudou daqui. Tenho uma caixa lotada de cartas dela. Acho que até já te falei sobre isso. Algumas eu não cheguei a enviar, mas quando ela vinha passar as férias aqui, eu entregava e ela pedia pra eu ler. Depois dessa coisa de e-mail e tal, a gente passou a se corresponder menos, mas uma vez ou outra eu recebou carta dela, ainda.

Beijos!

Junkie Careta disse...

Meu deus, eu não sou louco!Cara , faço exatamente isso há uns 10 anos!Sempre escrevo cartas pra pessoas que vi uma vez na rua, que convivo diariamente ou coisas assim. É uma espécie de livro de biografia de meus sentimentos e percepções. Um dia lanço 100 edições e compro todas só pra dizer lá em casa que foi best-seller.

Quando vc tiver um tempinho,passe la na minha página. No Jornal, digo, texto desse mês, eu falo das histórias que existem por trás de cada música, o que a inspirou. Passando por, Oasis, Velvet Underground,Verve,Suede,Blur, Manic Street Preachers,Bowie, Pulp entre outros.

Acho que você vai gostar um pouquinho.

Grande abraço

Tatiani disse...

Pois pelo menos existe um reencontro que lhes espera.
E sabe, eu parei com isso de escrever para os outros, nunca enviava e depois, quando eu lia novamnete, sempre achava muito exagerado, Muito algo... que eu nem sentia mais.
Mas sempre fico me perguntando, se não é bem melhor vivermos tudo oq desejamos, quando temos oportunidades.
Pois... não é sempre que podemos nos reencontrar.

Cabal disse...

Pois é cara, acho que ela gostaria de ter lido a carta, e com certeza lembraria do que vc disse no banco em frente ao parque, mas agora já foi, passou a vida segue, siga, sucesso.

Desarranjo Sintético disse...

Nossa, que sentimento. Dá vontade de morrer de chorar. Espero que essa "L." leia isso algum dia. Sei que se tiver que ser será, só por isso não caio em lágrimas aqui mesmo.

Abraço.

Alessandra Castro disse...

Uma carta tão carinhosa e naum chegou nas mãos da receptora? Uma pena ó. E parabenizo a sua paciencia, muitos me escreveram já, mas nunca fui muito boua em responder.

Anônimo disse...

Ao invés de ter um cemitério de cartas, eu tenho um incinerador de cartas.

Depois de escrever tudo, tudinho mesmo que eu diria para uma pessoa, eu faço um enveope bem bonitinho e ... taco fogo!
Sim! Torro mesmo pra não ter de lembrar exatamente o que eu escrevi. Iria me sentir boba, ou inerte quem sabe? Guardo tudo que eu preciso na lembrança. (ou no meu blogg né? ;) ...)

Espero que escrever essas palavras tenho feito de vc uma pessoa melhor. São doces palavras...Mas, espero mais ainda, que mantenha o carinho sincero por esta pessoa. O que é bem melhor do que guardar só o papel...

apareça sempre ok?

bjs

***

Maicon disse...

Koe meu véio, depois de muito tempo, muito tempo mesmo venho aqui prestigiar seu talentoso blog com a minha singela presença, adorei esse lance das cartas, eu tenho algo parecido mas é com presentes...

Fui amigo!!!

Flávia Batista disse...

tem até comunidade no orkut sobre isso: escrevi, mas não mandei!

fiz isso só uma vez na minha vida!!! e ainda bem, q eu não mandei mesmo!!! hehehheeeheehhe

Flávia Batista disse...
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Naiara disse...

haja paciência pra escrever tanta carta assim. eu só mando quando me pedem, porque se dependesse de mim, eu só falaria por orkut e msn u_u

Anônimo disse...

Eu também sou acostumada a escrever coisas pra mandar pros outros e pede se eu mando?? não, não sei se é por sentimentos passageiros ou até mesmo por medo, não sei.
Mas acho que essa carta tu deveria mandar pra ela sim, e sbae porque?? Bem pelo simples fato de estar pedidndo desculpas por não ter ido na despedida dela e também por falar que esta com saudades.
Mande sim, e aguarde a resposta pelo carteiro, acho que ela iria adorar, pelo menos eu iria.

Beijos, ótimo final de semana.
Adorei aqui, voltarei.

Anônimo disse...

ahh vc everia ter mandado..

eu enviava cartas p os meus amigos q moram longe de mim.. bons tempos! deveria voltar a fazer

beijokas e tudo de bom