Confissão – O mal que eu fiz ao meu redor.

Sonhar é um dos atos mais comuns que existe, e não estou falando só dos sonhos que temos quando dormimos. Existem os sonhos que temos em plena luz do dia, são os sonhos que a mente cria para livrar o corpo de um cotidiano chato e estressante, e na sua maioria, os sonhos acordados são reflexos dos nossos verdadeiros desejos, aqueles desejos que não temos coragem de dizer, não temos tempo para realizar ou até mesmo tentamos apagar por medo de que realmente aconteçam. Eu estou acostumado a não dar muito valor a esse tipo de sonho, e só ajo dessa maneira, pois acredito que muitos dos meus sonhos são impossíveis de acontecer [ou seja, falta me coragem para realiza-los]. De certa forma, é normal fugir dos sonhos que temos, porque alguns sonhos simplesmente são aterradores e nos mostram o quando, no fundo de nossas mentes, somos doentes ou atormentados.
Talvez você que está lendo, não esteja entendendo muito bem o que quero dizer, então me vejo na obrigação de dar um exemplo da teoria que estou propondo. Imagine um garoto capaz de sonhar alto, mas é alto mesmo, tanto é assim que com poucos anos de idade ele sonha em ser algo como um grande governante. Até aqui nada de anormal certo? Mas imagine que além dos sonhos altos, o garoto também é portador de uma rara doença chamada de determinação e ele não vai medir esforços para chegar aonde deseja, nada vai para-lo. Hummm... agora temos um problema, certo? Afinal de contas quem não mede esforços acaba por tomar qualquer caminho, é capaz até mesmo de fazer mal a inocentes só para ter aquilo que quer. É bem isso que acontece: para o garoto [futuro governante], as pessoas que ele vai usar como degraus para sua vitória, são apenas isso: pequenos degraus que o fazem maior e melhor do que os mesmos em que ele pisa.
“Criamos um monstro quando imaginamos tudo isso!” dirão alguns de vocês. Pois é, eu já fui esse monstro, é tinha apenas 12 anos de idade quando comecei as conjecturas para uma futura vida política, e não parei só nas teorias da maldade, cheguei a colocar umas em plena prática. Comecei a ir a passeatas e comícios, conheci amigos políticos do meu pai, fiz pesquisas sobre as idades e outros garotos como eu, que haviam chagado a algum lugar [acreditem quando digo que foram poucos, a maioria começa já velho]. Porém até ai eu não tinha feito nada de errado, mas quando nós desejamos ser de má índole, a vida prove caminhos para o que queremos. Comecei a mentir descaradamente, pequenos atos de maldade e manipulação começaram a se manifestar [mesmo com pouca idade é possível se fazer coisas terríveis]. Cheguei a cometer pequenos furtos, afinal de contas eu era invencível, tinha uma lábia de cerca lourenço [como dizia minha mãe], qualquer um acreditava quando eu dizia que tinha perdido o dinheiro para o ônibus, qualquer velhinha acreditava nas minhas história [minha avó sofreu um bocado comigo], que no final me resultavam somas de dinheiro [nada maior que 50 reais].
O tempo foi passando e eu fui lendo. Cheguei as quinze com a idéia de que poderia mudar o mundo, basicamente fazer o que os grande ídolos do socialismo [Mao, Chê, Fidel, Lenny, Stalim] fizeram, e mais uma vez ,eu pouco me importava se milhões de pessoas iam morrer, acreditava que esse era o preço para uma vida melhor. Levantei muitas bandeiras. Gritei muitas frases de discórdia ao sistema [o mesmo que me protegia como menor de idade]. Achei que minha mãe era uma hipócrita [ainda acho, mas por motivos diferentes]. Fiz o que devia e o que não devia.
E o tempo sempre passa. Meu fogo de guerra foi diminuindo. Minha fome de carne e sangue inocente foi se aplacando enquanto tomava Coca-cola e comia hambúrguer. E com dezesseis anos de idade eu conheci uma menina[sempre o sexo oposto]. [Meus deus] Era só uma simples, comum e, sadicamente, garota normal. Pirei, porque foi ela quem mostrou interesse, mesmo quando os melhores e mais bonitos se aproximaram, ela preferiu a min, um jovem decadente e de barbicha [símbolo da minha revolta particular] . Fiquei de quatro pela coisa linda e sem atrativos especiais, eu tinha até medo de perde-la, pois ela não morava no rio, só estava passando o final de ano na casa da tia. A jovem era tão normal e inocente que perto dela eu me sentia um monstro. E ai é que está o legal, eu nunca havia me visto como monstro, sempre achei que era apenas um mártir. Quando percebi minha bestialidade e o mal que ela fazia para quem estava ao meu lado, resolvi que era tempo de mudar e tentar desfazer as coisas ruins, as magoas e as vergonhas que eu havia provocado.
Confissão terminando e quando olho para tudo o que escrevi, percebo que não reverti nem dez porcento do mal que fiz. Não sei se devo pedir perdão. Não sei se devo agradecer a Ana por ter sido a minha criptonita. Não sei se devo continuar com o estado de bondade que tem me causado tanta depressão [porque eu realmente gostava de ser ruim]. Não sei nem se era para ter escrito essas palavras que estou escrevendo. Porém estou certo que de não consegui nada do que queria, não mudei o mundo, não sou grande, muito menos tenho a garota que me fez mudar ao meu lado. Me tornei apenas uma vaga e desforme sombra do que um dia já fui. Vive intensamente dos doze aos dezoito [idade atual]. Tenho um currículo vivencial que poucas pessoas normais tem e que as pessoas anormais queriam ter. Fui um rei do nada. Me joguei no abismo mesmo sabendo que no final ia morrer, só não pensei que a queda seria tão rápida. Hoje o político, o líder comunitário, o governante, o mártir social e o ídolo do rock subversivo que existiam em min, deram lugar ao estagiário de banco que sente vontade de chorar quando lembra do que poderia ter sido...

9 Comentários:

Alessandra Castro disse...

Oh nunca antes vc tinha escrito um testo tão assim, cru e chocante devem ser as palavras adequadas. Gostei muito e acho q não devias ficar assim tão amargurado, estamos tão jovens ainda, tanta coisa ainda pode acontecer. Claro q todo mundo tem seus dias de cão, eu sempre acho que estou atrasada com algo, que deveria tá morando sozinha e namorando o pai dos meus filhos. Nada disso acontece, mas nem muito me estresso, o importante é ir com a maré mesmo.

ღ mey ♥¨`*•.¸¸.•*´¨♥ღ disse...

nossa, nem fala em sonhos a luz do dia... eu sonho mt acordada e tenho de desenvolver esses sonhos... amei o texto =*

Jaque disse...

Da pra escrever um livro baseado nessa história. uhauhuah
Vc só tem 18 anos, e ainda bem que mudou. Créditos para a Ana.


;**

Leo disse...

Ah, não leve a vida tão a sério. Os líderes do socialismo que você citou, "mudaram o mundo". Com mortes, guerras e destruição. Isso é o necessário para mudar o mundo? Se for, eu prefiro que ele fique a mesma merda, do jeito que é.

Eu não acredito que eu possa mudar as coisas, nem que você possa, nem que ninguém possa fazer isso. Eu perdi a confiança nos seres humanos. [Confiança que suponho nunca ter tido.] Quando eu tava na 7, 8 série, [na minha fase revoltado com tudo e com todos] ficava pilhado por querer mudar as coisas e não conseguir. Me sentia fraco, impotente. Hoje, como naquela época, continuo acreditando que não é possível mudar nada. A diferença é que agora eu não dou a mínima pra isso.

Cara, seu texto me fez lembrar essa época... Foram bons tempos.

Bom, acho que eu já falei [e viajei!] demais... Mas, sei lá, o post meio que trouxe a tona o Leo Revoltado. [E junto com ele o Leo Falador.] Acho que é melhor me calar agora...

♥MáH♥ disse...

Bom... sou um péssimo exemplo... não tenho sonhos...
perdi todos... rsss

Mas, sabe o que é melhor... é que tenho muito tempo pra arrumar um e correr atrás dele... e até onde eu me lebre eu sou mais velha que voceêê.... então vc tbn tem tempo...
Pq a pressa???


Bjinhuus... aprendi a colocar lincks no blog ( eu sou péssima nisso) e coloquei seu blog lá ok?
Bjooo e até

Naiara disse...

cara, esse foi o melhor post que eu li aqui, ta muito bom mesmo (ta, quem sou eu pra dizer se é bom ou ruim?)! bom, você não tem cara de que um dia queria ser um politico, mas as aparencias né... sempre elas. é, altas revelações mesmo, e como anda a menina que fez você mudar? tem falado com ela? *-* e ela sabe que teve uma participação importante na sua vida? eu gostei da parte dela na história ahaha x) parabéns pelo post Breno!

Thiago Borges disse...

Escrever é uma terapia para muita gente. Desabafar e ouvir algo em troca, mesmo que não seja aquilo que agente espera ouvir, é um conforto, pois percebemos que estamos vivos.
Se você pensava em passar por cima dos outros sem piedade e acabou por mudar de idéia, parabéns. Você apenas iria se transformar num monstro.
Pessoas que vivem intensamente sem pensar nas conseqüências, tem um futuro detestável. Mesmo as que alcançaram grandes cargos, mas que derramaram sangue inocente para conseguir isso, morreram sem aplausos. Esse tipo de pessoa não faz falta no Mundo.
Quando passamos por dificuldades e nossa vida ta um pé no saco, pensamos em tudo, mas não percebemos que é exatamente nesses momentos de fossa que agente aprende as lições essenciais da vida.
Você esta passando por um momento de teste, todo mundo passa por isso. As vezes pensamos que isso nunca acaba, mas quando acabar você vai ver a diferença.

Abraço.

Juliano Reinert disse...

Cara. Tu és muito novo pra desistir! Não tô dizendo que é para voltar a pisar nas pessoas! Mas se teu sonho é fazer do mundo ou ao menos do Brasil um lugar melhor para se viver... siga em frente! Vá em busca.
Eu também tenho muitos sonhos e até falo de alguns na última postagem no meu blog, mas ao contrário de você eu não acho que acabou. Ele nem começou ainda.
Bola pra frente e pense positivo. Eu não gosto muito daquelas frases de auto-ajuda, mas tem uma que se encaixa bem aqui: "Não se pode dizer'eu perdi' sem antes dizer 'eu tentei'".
Abraços. Ótimo post!

Alessandra Castro disse...

Atualiza gatho =**